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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Carreira do mês de Maio: Física

Entrevistado: Alberto Franco de Sá Santoro
Data da entrevista: 10/04/2012


Alberto Franco de Sá Santoro possui graduação em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1969) e doutorado em Física pela Université de Paris VII - Université Denis Diderot (1977). Atualmente, é professor visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq nível 1A. Tem experiência na área de Física com ênfase em Reações Específicas e Fenomenologia de Partículas, atuando principalmente nos seguintes temas: charm, jets, top, particles e collisions.




Revista do Vestibular: O senhor foi professor titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF e da Universidade do Estado do Rio do Janeiro – UERJ. Atualmente, é professor visitante desta Universidade. Conte-nos um pouco sobre sua escolha e trajetória profissional.
Alberto Santoro: Obrigado pela oportunidade de falar sobre minha vida profissional. Antes de entrar na profissão de Física, vendi pastel na rua para sobreviver, fui datilógrafo de advogado, fui funcionário público trabalhando na Seção de Fiscalização da Medicina, fui bancário. Estudando à noite me formei em contabilidade. Fui para Itajubá para estudar engenharia e, um ano depois, meu irmão Claudio foi para Brasília. Fui passar um mês com ele e me apaixonei pelo ambiente no qual ele estava vivendo. Decidi fazer vestibular para a Universidade de Brasília, isso por volta de 1961-1962. Passei para arquitetura, o curso que mais se aproximava de Engenharia Eletrônica, que eu queria fazer. Quando o professor Roberto Salmeron chegou à Universidade me convidou para fazer Física. Aceitei e fui aluno especial. Esse período, confesso, foi um dos mais felizes de minha vida. O golpe de estado em 1964 interrompeu meu curso, e fomos todos para o Rio de Janeiro. Aqui entrei para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras que funcionava na avenida Antônio Carlos. Depois fui para o CBPF fazer pós-graduação com o professor José Leite Lopes. Em 1968-1969, o clima no Brasil ficou irrespirável. Todos os meus professores foram cassados; meus colegas, torturados e presos; outros desapareceram. Ganhei uma bolsa para a França e fui para lá para fazer meu doutorado, que retardei o máximo que pude para não ter de voltar para a ditadura. Quando voltei, retornei para o CBPF, pois não interrompi minha ligação com a Instituição, estava de licença na França. Aqui, trabalhando em Física Teórica e Fenomenologia de Partículas, apareceu um convite de Leon Lederman (Premio Nobel de Física) para ir trabalhar em pesquisas experimentais no Fermi National Accelerator Laboratory, próximo de Chicago. Participei de quatro experimentos lá, e, em um deles, tive a sorte de acompanhar a descoberta do Quark Top. Eu quis vir para a UERJ, pois havia formado alguns professores daqui, que fizeram doutorado e mestrado comigo no CBPF, que é, por lei federal, uma instituição de ensino e pesquisa. Aliás, é a primeira pós-graduação brasileira em Física. Por força da lei, fiz 70 anos e fui obrigado a me aposentar. Hoje, sou professor visitante na UERJ.
Revista do Vestibular: Nos concursos vestibulares, Física é uma das disciplinas em que os estudantes mostram mais dificuldade. Qual sua opinião sobre o ensino de Física nas escolas brasileiras?
Alberto Santoro: Eu acho que o problema não está só na Física. Tive alunos com tanta dificuldade para escrever a tese de mestrado que me perguntava como podiam ter chegado à pós-graduação. Sobre o ensino da Física, considero-o muito dogmático. Deveria ser totalmente voltado para ensinar a pensar, a raciocinar, e isso só é possível com bons laboratórios. Por que os melhores alunos são de famílias com melhores condições financeiras? Porque, em geral, tiveram uma formação melhor. O estudante não aprende a estudar no ensino fundamental e leva para o ensino médio suas deficiências, e depois para a Universidade. No vestibular, a área da Física, em geral, apresenta questões para pensar, e aí surge a grande barreira. Não se aprendeu a pensar. Não se aprendeu a fazer uma prova, a resolver um problema. E, no entanto, o grande sucesso profissional da Física está no fato de que o curso de Física obriga você a estar constantemente desafiado a resolver problemas. É com isso que eu me preocupo: a problemática de ensinar a pensar!
Revista do Vestibular: O senhor desenvolve pesquisas especialmente voltadas para a Física de Altas Energias Experimental. Qual a abrangência desse campo de estudos e qual tem sido o papel do Brasil no campo da Física de modo geral?
Alberto Santoro: Nós podemos dizer que a Física de Altas Energias Experimental é por si só multidisciplinar. Envolve Mecânica, Eletrônica, Fotônica, Computação e muitas outras categorias. Foi no Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire – CERN que foi criada a World Wide Web, por Tim Bernes Lee. De lá saem muitas tecnologias empregadas na medicina, como o tratamento do câncer por feixe de partículas, com muitas vantagens diante de outros tratamentos. A tecnologia avançada de vácuo é outro exemplo: seu mais recente emprego será feito nas placas de captação de energia solar que vão cobrir todo o aeroporto de Genebra. Mas nessa área, sobretudo, aprendemos que a natureza, com suas leis fundamentais e seus tijolos, constitui uma grande fonte de curiosidades. Por incrível que pareça, o Brasil praticamente começou com a Física de Altas Energias e talvez por essa razão tenha uma participação importante nos Experimentos de Altas Energias, em particular, no CERN.
Revista do Vestibular: Quais as maiores dificuldades que o jovem graduado em Física vai enfrentar na vida profissional? E quais as maiores alegrias?
Alberto Santoro: As dificuldades são as mesmas que aparecem para o jovem em qualquer profissão. O mundo novo que se apresenta, o exercício da pesquisa com todo o rigor exigido. Mas, quando se tem prazer no que se está fazendo, todas as dificuldades ficam muito pequenas e desprezíveis diante do prazer da descoberta. Obrigatoriamente, você trabalha com muitas nacionalidades e, portanto, muitas diferentes culturas, e isto é extremamente enriquecedor. A fórmula do sucesso é uma só: trabalho e trabalho e trabalho.
Revista do Vestibular: Gostaríamos que o senhor deixasse uma mensagem para os candidatos do Vestibular Estadual que desejam cursar Física.
Alberto Santoro: Física é uma das fontes mais sofisticadas de prazer. Isto porque é o prazer intelectual. Ela abre e oferece muitas oportunidades para você trabalhar. Mas o mais importante é você insistir naquilo que você mais deseja para sua vida. Quando se tem prazer no que se faz, toda dificuldade torna-se pequena.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Carreira do mês de abril: Psicologia

Série Carreiras: Psicologia

Ano 3, n. 9, 2010
Entrevistado: Marisa Lopes da Rocha
Data da entrevista: 07/01/2011




Professora adjunta do Departamento de Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia, pesquisadora no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e procientista da UERJ. Bolsista do CNPq, é mestre em Filosofia da Educação pelo IESAE/FGV e doutora em psicologia pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade da PUC/SP.




Revista do Vestibular: Grande parte das pessoas imagina que a atividade dos psicólogos se limita a atendimentos em consultórios. Em que outras áreas o psicólogo pode atuar?
Marisa: A Psicologia tem como foco de estudo e de ação a produção de subjetividade, isto quer dizer que, ao psicólogo, interessa iluminar como nos constituímos em meio às relações, às tradições, às instituições sociais e através de que práticas nos valemos para produzir um lugar no mundo. Assim, valores, expectativas, ações, afetos e pensamentos são alvo de nossas pesquisas. O psicólogo como profissional de saúde está atento à cultura, às condições de existência, às circunstâncias de vida que são as forças com as quais os homens constroem o mundo e concomitantemente se constroem. Por saúde, podemos entender a capacidade de, a cada momento, enfrentar imprevistos e dificuldades, usufruindo de nossas habilidades para criar novas situações mais favoráveis à expansão de nossas vidas nos diferentes sentidos. Isso significa que buscar um contato com o psicólogo não quer dizer que estejamos doentes, porém que queremos um espaço para pensar nossas escolhas, estratégias e práticas, analisando o caminho que vimos produzindo. Onde encontrar o psicólogo? Eles hoje estão nas escolas, nas empresas, nos consultórios, nos presídios, nos asilos, nas varas de família, nos departamentos de trânsito, nos órgãos de segurança pública, nos clubes esportivos, ou seja, estão onde a vida pode ser pensada, reavaliada, transformada, expandida individual ou coletivamente.
Revista do Vestibular: A senhora é professora do Instituto de Psicologia da UERJ e realiza pesquisas voltadas para o campo da educação. Fale um pouco sobre sua experiência. O que a levou a essa profissão?
Marisa: Eu me formei entre as primeiras turmas de Psicologia da Uerj na década de 1970 do século passado, e no meu tempo de aluna a universidade não tinha ainda um Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), local em que os alunos realizam suas horas de estágio. Dessa forma, cumpríamos nossas horas de prática profissional fora da Uerj. Por um lado, era uma luta conseguir bons locais com supervisão e de pesquisas, por outro, nos obrigava desde muito cedo a construir nossa formação, o que nos possibilitou experimentar diferentes práticas profissionais, áreas de trabalho em situações nem sempre fáceis, ampliando nossas escolhas. Entre os diferentes campos nos quais estagiei, a educação foi o mais instigante e talvez isso se deva ao fato de considerar que a escola tem como questão junto com a família a de facultar à criança a noção de que o mundo começou antes e ainda continuará após sua vida. Isso significa alongar o tempo presente para que cada um possa construir um lugar ativo na sociedade. Como não é uma tarefa fácil, gera tensões, conflitos, exigindo atenção às relações. Venho até hoje trabalhando com professores, jovens, crianças e psicólogos em formação para os desafios das transformações das instituições educacionais, ou seja, dos valores, dos usos do tempo e do espaço, da organização coletiva do trabalho.
Revista do Vestibular: O Instituto de Psicologia da UERJ tem um longo histórico de relacionamento com a comunidade através de suas clínicas. Qual a importância dessa relação para as atividades de ensino, pesquisa e extensão da faculdade? Que atendimentos o Instituto oferece?
Marisa: O Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) é um órgão ligado à direção do Instituto, que conta com professores de psicologia e psicólogos de diferentes formações para desenvolver estágio supervisionado com os alunos através do atendimento à população. Lá contamos com profissionais de linhas diversas de trabalho como psicanalítica, sistêmica, comportamental, psicopedagógica, institucional, organizacional, que pressupõem campos diferenciados de atuação (como visto antes), para faixas etárias que vão da infância à terceira idade em âmbito de práticas individuais, grupais, institucionais. Muitos estágios, entre esses os vinculados a projetos de pesquisa ou de extensão, ocorrem no interior das instalações da Uerj, outros se realizam fora da Uerj. Temos ainda estágios que, embora não sejam supervisionados pelo corpo de supervisores do SPA, são desenvolvidos em locais conveniados e validados pelos profissionais do SPA (alguns destes foram conveniados pela iniciativa de alunos).
Revista do Vestibular: Quais as maiores dificuldades que o jovem graduado em Psicologia vai enfrentar na vida profissional? E quais as maiores alegrias?
Marisa: Eu diria que as dificuldades começam na própria faculdade, durante o curso de formação, em que o aluno precisa ter tempo e interesse em boa dose de leitura. Considerando que a maior ferramenta de um psicólogo é ele próprio, suas descobertas sobre seus modos de funcionar, dificuldades, habilidades, seu conhecimento sobre tensões contemporâneas, questões sociais, além dos saberes ligados à sua área de trabalho, que não para de crescer e se diferenciar, são importantes. Quero dizer que não basta dominar uma técnica, ela tem que compor um território com o outro e em grande medida isso ocorre a partir das lutas de cada um pelo próprio equilíbrio que não é estático, mas uma conquista permanente. Então, de um psicólogo espera-se cultura, crítica, plasticidade, reflexão, práticas de si. A partir dessas questões colocadas, muito das possibilidades de um bom lugar profissional vai depender do que o profissional tem a oferecer, já que a competição é grande. O mercado privado oferece poucas vagas nos diversos setores, temos tido alguns concursos públicos para a área de saúde, educação e justiça, mas todos não muito bem remunerados, talvez nas empresas surjam possibilidades de maiores salários. Os consultórios requerem prudência, pois implicam muitos gastos e a clientela diminuiu muito com a crise econômica. Muitos recém-formados têm preferido a carreira docente, ingressando nos Programas de Pós-Graduação. Em relação às alegrias, acredito que está em lutar por espaço de trabalho e ampliação de conhecimentos do que se gosta, do que escolhemos como modo de expressão de nossos afetos, pensamentos e ações.
Revista do Vestibular: Gostaríamos que a senhora deixasse uma mensagem para os candidatos do Vestibular Estadual que desejam cursar Psicologia.
Marisa: Deixo o que Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, falou no III Fórum Social Mundial em Porto Alegre:
A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais o alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
Isso significa: empenho, foco, dedicação para um processo que não está no início e que, mais do que uma carreira de psicólogo, é um desafio constante de invenção de vida que já está em curso.
Boa sorte e sejam bem-vindos!

disponivel em: http://www.revista.vestibular.uerj.br/entrevista/entrevista.php?seq_entrevista=7

sábado, 24 de março de 2012

Exercícios sobre pronome

1Ano 3, n. 9, ano 2010


Na coesão textual, os pronomes podem ser empregados para fazer a ligação entre o que está sendo dito e o que foi enunciado anteriormente.
O pronome sublinhado que estabelece ligação com uma parte anterior do texto está na seguinte passagem:
(A) "A configuração do mundo do trabalho é cada vez mais volátil" (l. 8)
(B) Outra grande consequência, de acordo com o professor, diz respeito à saúde dos trabalhadores, (l. 16)
(C) "Trata-se de um cenário em que todos perdem," (l. 17-18)
(D) qual o tipo de desenvolvimento que nós, como cidadãos, queremos ter? (l. 22)



Ano 4, n. 11, ano 2011

Na coesão textual, ocorre o que se chama catáfora quando um termo se refere a algo que ainda vai ser enunciado na frase.
Um exemplo em que o termo destacado constrói uma catáfora é:
(A) Como se ela restituísse, (l. 7)
(B) Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, (l. 17)
(C) não numa partícula verbal externa a elas, (l. 22-23)
(D) No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam (l. 30)


Disponível em: http://www.revista.vestibular.uerj.br

Carreira do mês de Março: Serviço Social






 Olá pessoal,
 a carreira do mês é serviço social , veja a entrevista do  professor Maurício Castro de Matos para a Revista do Vestibular da UERJ.

Disponivel em: http://www.revista.vestibular.uerj.br



Entrevistado: Maurílio Castro de Matos
Data da entrevista: 25/07/2011




Professor adjunto da Faculdade de Serviço Social da UERJ e assistente social da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias. Doutor em Serviço Social pela PUC-SP, atualmente é chefe do Departamento de Fundamentos Teórico-práticos do Serviço Social da Faculdade de Serviço Social da UERJ e conselheiro do CFESS (Conselho Federal de Serviço Social).




Revista do Vestibular: O senhor atualmente é professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – FSS / UERJ. Fale um pouco da sua escolha profissional.
Maurílio: No início dos anos 1990, escolhi o curso de Serviço Social e, como muitos dos meus colegas, não sabia ao certo o que era exatamente a profissão. O Serviço Social surgiu no país na década de 1930, a partir do agravamento das contradições do capitalismo. Ao mesmo tempo que o sistema capitalista possibilitou ao ser humano o desenvolvimento de muitas potencialidades, como, por exemplo, o avanço da ciência, gerou – e gera –, pela grande concentração de renda, uma desigualdade muito grande, fazendo com que muitas pessoas tenham dificuldades de sobreviver frente à falta de emprego – que será, no capitalismo, sempre uma realidade. Além disso, na sociedade capitalista em que vivemos, muitas pessoas também são alvo de preconceito – seja por causa da idade, por deficiência física etc. –e, no seu trabalho, o assistente social – que é como se chama o profissional de Serviço Social – tem como prioridade o atendimento a essas pessoas, buscando contribuir com seu fortalecimento, para que lutem por melhores condições de vida. Também cabe ao assistente social buscar mobilizar recursos e políticas sociais para melhorar a vida dessas pessoas, defendendo seus direitos e cobrando as responsabilidades do Estado com toda a população.
Revista do Vestibular: Em que áreas, de modo geral, o assistente social pode atuar?
Maurílio: Os assistentes sociais atuam em diferentes instituições, sejam públicas ou privadas, como hospitais, centros de saúde, empresas, escolas, centros de referência de assistência social, organizações não governamentais, conselhos tutelares. Além do atendimento direto à população, os assistentes sociais desenvolvem pesquisas e prestam assessoria a diferentes sujeitos e instituições, como prefeituras, movimentos sociais, empresas etc. A maior parte do mercado de trabalho está no setor público e nas áreas da saúde e da assistência social.
Revista do Vestibular: A universidade se caracteriza por atuar em três eixos: ensino, pesquisa e extensão. Que campos de pesquisa o senhor destacaria hoje como fundamentais em sua área e por meio de que projetos de extensão a FSS / UERJ vem se relacionando com a sociedade?
Maurílio: Os campos de pesquisa fundamentais para o Serviço Social podem ser agrupados em três eixos: aqueles que buscam desvelar as condições de vida da população que o Serviço Social atende (como vivem essas pessoas e quais são suas estratégias de sobrevivência); as características do capitalismo nos dias atuais, das políticas sociais e do Estado; e a própria profissão, desde sua constituição histórica até os desafios e as respostas que os assistentes sociais vêm dando às situações com que atuam. Na Faculdade de Serviço Social, desenvolvemos projetos de extensão em diferentes áreas, como saúde, educação, espaço urbano, gênero, favelas etc. Em todas essas áreas, pretendemos defender o compromisso da universidade pública com as necessidades da maioria da população. Neste momento, por exemplo, o projeto de que participo está assessorando o fórum contra as privatizações na saúde, que luta pelo fim da terceirização da gestão dos hospitais e serviços públicos de saúde no nosso Estado e no Brasil.
Revista do Vestibular: Atualmente, o senhor faz parte do CFESS (Conselho Federal de Serviço Social). Qual a importância dessa entidade e de outras, como a ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social), para a sua categoria?
Maurílio: O Conselho Federal e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social são entidades antigas: existem há, respectivamente, 49 e 65 anos. São entidades fortes, combativas e respeitadas. A ABEPSS tem por objetivo garantir a qualidade do ensino. O CFESS, ainda que também se preocupe com o ensino, é uma entidade que, junto com os Conselhos Regionais de Serviço Social, exerce a fiscalização do exercício profissional dos assistentes sociais, zelando pelas condições adequadas para o seu trabalho.
Revista do Vestibular: Quais as maiores dificuldades que o jovem graduado em Serviço Social vai enfrentar na vida profissional? E quais as maiores alegrias?
Maurílio: Os assistentes sociais recém-formados vão enfrentar dificuldades comuns a todos os trabalhadores: entrada em um mercado de trabalho restrito, contratos precarizados – com ataques a direitos trabalhistas –, poucas vagas em concurso público etc. Por isso, o investimento numa graduação com qualidade, com atividades para além da sala de aula – como inserção em pesquisas, monitoria, projetos de extensão e participação no movimento estudantil –, pode contribuir para o diferencial na formação profissional e, possivelmente, facilitar a entrada no mercado de trabalho. As maiores alegrias advêm de integrar uma categoria que diariamente trabalha para construir um mundo onde não haja exploração, violência e desigualdade social. No dia a dia os assistentes sociais atendem à população, realizam assessorias ou promovem pesquisas que visam a identificar as raízes da desigualdade social, bem como buscam estratégias de enfrentamento e resistência a este fenômeno.
Revista do Vestibular: Gostaríamos que o senhor deixasse uma mensagem para os candidatos do Vestibular Estadual que desejam cursar Serviço Social.
Maurílio: O Conselho Federal de Serviço Social está lançando neste ano a campanha intitulada “Combater a violência no enfrentamento da desigualdade social: toda violação de direitos é uma forma de violência”. Deixo essa mensagem para os vestibulandos. Tão importante quanto a escolha de uma profissão que tenha a ver com a gente é a preocupação com o presente e o futuro do mundo onde vivemos.

Aula de Literatura dia 10 de Março



As Escolas Literárias
Barroco
         


Historicamente, o Barroco nasce do conflito entre os valores medievais, permeados pela visão teocêntrica católica e os ideais renascentistas oriundos principalmente da Itália do século XV. Com origem no século XVI, estendendo-se até o século XVIII, a escola barroca marcou de forma contundente a arquitetura, a escultura, a pintura, a música e a literatura.
O Renascimento representou uma grande evolução sócio-cultural do homem europeu e funcionou como um período de transição da Idade Média para a Idade Moderna. Os fatores que contribuíram para seu surgimento são vários, dentre eles destacam-se a redescoberta e a valorização da cultura clássica greco-latina, que possui caráter antropocêntrico.
         Uma vez que a Renascença tornara o homem consciente de suas possibilidades, e valorizou suas faculdades físico-espirituais, o Barroco, que ideologicamente fora incorporado pelo catolicismo em seu movimento de Contra - reforma, tem por característica a subversão dos valores cultuados por aquele movimento, e a retomada dos valores cristãos-medievais através de um possível arrependimento do homem.
         Se na Europa, o Barroco é uma arte religiosa, no Brasil, mais que o culto ao sagrado, há críticas veementes à sociedade, poesias líricas, eróticas... Toda essa produção se concentra em único nome: Gregório de Matos, o Boca do Inferno. Contudo, não é apenas de poesia que vive a arte barroca em nosso país. A prosa marca presença por meio dos sermões cristãos do Padre Antonio Vieira, que se dedicava a causa do Evangelho, e protestava contras os desmandos dos maus pregadores.
         Veremos, então, que o Barroco brasileiro está para além de contrastes e antíteses religiosos. Tanto em poesia quanto em prosa há outras preocupações e temáticas. Perceberemos que os poemas de Gregório de Matos estetizam a miscigenação, a falta de escrúpulos do credo, a entrada do mercantilismo e a desordem que era o Brasil-colônia. Ao invés de buscarmos luz e/ou trevas nos textos, mergulhemos neles sem nenhuma outra pré-disposição.

  escritores que mais se destacaram foram:

Na poesia:

- Gregório de Matos
- Bento Teixeira
- Botelho de Oliveira
- Frei Itaparica

Na prosa:

- Pe. Antônio Vieira
- Sebastião da Rocha Pita
- Nuno Marques Pereira.


a dualidade da  temática barroca e a  música:

 Umas e Outras
Chico Buarque
Se uma nunca tem sorriso
É pra melhor se reservar
E diz que espera o paraíso
E a hora de desabafar
A vida é feita de um rosário
Que custa tanto a se acabar
Por isso às vezes ela pára
E senta um pouco pra chorar
Que dia! Nossa, pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar
Se a outra não tem paraíso
Não dá muita importância, não
Pois já forjou o seu sorriso
E fez do mesmo profissão
A vida é sempre aquela dança
Onde não se escolhe o par
Por isso às vezes ela cansa
E senta um pouco pra chorar
Que dia! Puxa, que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar
Mas toda santa madrugada
Quando uma já sonhou com Deus
E a outra, triste enamorada
Coitada, já deitou com os seus
O acaso faz com que essas duas
Que a sorte sempre separou
Se cruzem pela mesma rua
Olhando-se com a mesma dor
Que dia! Nossa, pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar
Que dia! Puxa, que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar
Que dia! Cruzes, que vida comprida
Pra que tanta vida pra gente desanimar

Disponível em: http://letras.terra.com.br/chico-buarque


Questões:

1- O texto pode ser dividido em três partes:Delimite cada uma segundo os atributos propostos:
a) A religiosa
b) A prostituta
c) o encontro das duas mulheres

2-nas duas primeiras partes , ao caracterizar as duas personagens , o poeta ultiliza fundamentalmente  uma figura de estilo.
a) De que figura se trata?
b) Que efeito poético resulta do emprego dessa figura?

Bons estudos pessoal!!!!


quarta-feira, 7 de março de 2012

Modos de organização ou tipologia textual 1ª Aula.

 
           Não muito tempo atrás, percebíamos, tanto em concurso como em provas de vestibular, que as questões de português priorizavam  a  memorização de regras gramaticas . Isso demandava um grande tentativa,  por partes dos alunos, de estudar a língua materna como uma obrigação entediante. O português  tinha que ser  gravada de uma forma mecânica e sem sentido. O pior de tudo era  que após algum tempo, todo o esforço empregado era em vão, pois a tendência era que o aluno esquecesse  tudo e também não  utilizasse   em sua vida cotidiana   parte da “decoreba”  que ele  estudava. 
Muitos estudos e águas rolaram até que se chegou a conclusão que saber ler, interpreta e reconhecer as estruturas linguísticas  de um texto,  e não somente decorar regras deveriam ser os objetivos de qualquer exame de admissão ou  aula. Então, muitas bancas e professores passaram a considerar tais estudos e cobrar uma eficiente leitura e  compreensão  de textos oriundos de diversas fontes .
Para compreender um texto, precisa se de duas fases básicas:  informação, saber identificar o conteúdo do  texto ,  e reconhecimento, entender qual é tipo de texto predominante   daí o texto se torna mais fácil para o  entendimento e  interpretação. São cinco os modos de organização do discurso ou  tipos textuais, narração, descrição, exposição (ou dissertação expositiva), argumentação (ou dissertação argumentativa) e injunção.
Um texto predominantemente narrativo  tem como objetivo relatar um a historia ou relatar uma sucessão de acontecimentos ao longo do texto; o texto descritivo objetiva caracterizar personagens , locais ,objetos sensações ou mesmo cenas . O texto expositivo , também conhecido como  dissertação expositiva, procura transmitir informações a respeito de um assunto. A  argumentação (ou dissertação argumentativa)  o objetivo principal é defender um ponto de vista, ou seja , apresentar uma opinião a respeito de um tema polemico e procura demostrar que sua opinião está correta. O texto injuntivo tem na maioria das vezes , o papel de transmitir , orientações , instruções  ou conselhos.

Por Dayse Castro   


verifique quais são os tipos textuais predominates nos textos a seguir:


Texto 1
Um dever amaríssimo (fragmento)

José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias; não as havendo, servia a prolongar as frases. Levantou-se para ir buscar o gamão, que estava no interior da casa. Cosi-me muito àparede, e vi-o passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A gravata de cetim preto, com um arco de aço por dentro, imobilizava lhe o pescoço; era então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca de cerimônia. Era magro,chupado, com um princípio de calva; teria os seus cinqüenta e cinco anos.
ASSIS,Machado de.Dom Casmurro.São Paulo:Martins Fontes,2003.

Texto 2
Um Leão pediu a filha de um lenhador em casamento. O Pai, contrariado por não poder negar, já que o temia, viu também na ocasião, um excelente modo de livrar-se de vez daquele incômodo.

Ele disse que concordaria em tê-lo como genro, mas com uma condição; Este deveria deixar-lhe arrancar suas unhas e dentes, pois sua filha tinha muito medo dessas coisas.

Feliz da vida o Leão concordou. Feito isso, ele tornou a fazer seu pedido, mas o lenhador, que já não mais o temia, pegou um cajado e expulsou-o de sua casa. Assim, vencido, ele retornou à floresta.
Autor: Esopo

Moral da História:
I) O amor é capaz de amansar a mais selvagem criatura.
II) Todos os problemas, quando examinados de perto, acabam por revelar sua solução.

Texto 3

Por onde começo:
Antes de ligar:
1- Retire a base da embalagem, calços e fitas de
fixação dos componentes internos.
2- Limpe o interior do seu produto usando um
pano ou esponja macia com água morna e
sabão neutro.
3- Não utilize objetos pontiagudos, álcool,
líquidos inflamáveis ou limpadores abrasivos.
Eles podem danificar a pintura de seu Freezer.
4- Verifique se a tensão da rede elétrica no local
de instalação é a mesma indicada na etiqueta
fixada próximo ao plugue do cordão de
alimentação do seu Freezer.
5-O Freezer deve ser ligado em uma tomada
elétrica em bom estado.

Texto 4
Tanzânia
A Tanzânia ou Tanzania[4][5] (em Suaíli: Jamhuri ya Muungano wa Tanzania)[6] é um país da África Oriental, limitado a norte pelo Uganda e pelo Quénia, a leste pelo Oceano Índico, a sul por Moçambique, pelo Malauí e pela Zâmbia e a oeste pela República Democrática do Congo (fronteira exclusivamente lacustre, através do lago Tanganica), pelo Burundi e por Ruanda. O país inclui também o arquipélago de Zanzibar, no Índico(...)
A Tanzânia é um dos países mais pobres do mundo, com um PIB per capita de apenas US$ 1,100.00 dólares em 2007. A economia depende consideravelmente da agricultura que emprega cerca de 80% da mão de obra e por aproximadamente 85% das exportações(...)

Texto 5
O MUNDO CRUEL
(Fonte: Jornal Folha.com, Luiz Rivoiro)
O que é um filme "para crianças"? Ou, reformulando, o que seria um filme "adequado" para menores? Assim como uma infinidade de questões acerca do futuro da humanidade, essa é uma pergunta que me faço quase todos os finais de semana quando me pego planejando com os garotos a nossa próxima ida ao cinema. Muita gente pode achar isso tolice, já que tem a resposta na ponta da língua: "Ora, qualquer produção que apresente bichinhos fofos, animais falantes ou crianças espertinhas, algo como Backyardigans e Pinky Dinky Doo, certo?" Huuuummm... Sim. Não. Mais ou menos.
Cada vez mais, no entanto, a chamada indústria do entretenimento vem se sofisticando e introduzindo questões complexas em suas produções voltadas para o público infantil. Já falei aqui, por exemplo, de UP - Altas Aventuras, da Pixar. Seu foco é obviamente a criança, mas é impossível ignorar o apelo e a enorme carga de significados que sua sequência inicial sobre a passagem do tempo, vida e morte capaz de tocar fundo qualquer adulto e, ainda assim, encantar o público infantil. Esse é apenas um exemplo de temas ditos "adultos" introduzidos de forma consciente em tramas aparentemente pueris. Há outros, claro, como a questão da preocupação com o futuro do planeta em Wallie., também da Pixar, ou a descoberta do ser "humano" para além da aparência exterior em Shrek, da Dreamworks, ou ainda sobre a consolidação da amizade apesar das diferenças, como vemos em A Era do Gelo, da Fox. Mas não é só isso. Para além dos chamados temas "nobres", existe uma outra vertente. Mais cruel. E, ao meu ver, igualmente necessária.
Nesta categoria, encaixam-se especificamente os filmes dirigidos/produzidos por Tim Burton. Seus personagens quase sempre não são bonitos. Muito pelo contrário. São feios. Melhor, horrorosos. Por dentro e por fora. Expõem na sua bizarrice o que há de pior no ser humano. Dê uma olhada em A Fantástica Fábrica de Chocolate, por exemplo. Ninguém ali, salvo o garoto Charlie e sua família, é lá muito normal. Williy Wonka chega mesmo a apresentar sinais claros de sadismo ao "punir" as crianças que visitam a sua fábrica (e olha que a versão de Johnny Depp dá uma suavizada no personagem interpretado por Gene Wilder na versão de 1971, ainda mais cruel). E dá para dizer
que é um filme para crianças? Claro que sim! Os meninos lá em casa adoram! E não é só esse.
Mais sinistros, O Estranho Mundo de Jack, A Noiva Cadáver, 9, Alice no País das Maravilhas ainda tem a ousadia de falar de aberrações, monstros, fantasmas, vampiros, cadáveres, bonecos nada bonitinhos, personagens amalucados. Os temas e a paleta de cores vão muito além do universo "azul bebê e cor de rosa e bichinhos cuti-cuti" que normalmente povoam o imaginário que os pais insistem em construir para seus filhos. Mas o mundo afinal de contas não é assim? Por acaso não devemos nos acostumar com a existência da morte em nossas vidas? Ou com todo o "dark side" da raça humana? Ou, enfim, com a existência do mal? A meu ver, sim.
Claro que não acho que as crianças devam ser expostas a altas doses de violência, sangue, tripas, torturas ou coisas do gênero. Óbvio que não. Cada coisa a seu tempo, sem dúvida. Mas considero válida a proposta de Burton de tratar de temas aparentemente "tabus" de maneira ao mesmo tempo criativa e bizarra. E as crianças sabem o que está rolando. Quando Jack sequestra o Papai Noel para se apoderar do Natal, por exemplo, elas sabem que aquilo não é certo. São mais espertas do que podemos admitir, ainda que teimemos em não aceitar isso em nome de uma suposta e perene "inocência" infantil. Nada disso. O que eles veem na tela é apenas um conto de Natal, uma fantasia, como tantas outras. Um pouco diferente aqui e ali, mas no fim de tudo, uma fantasia. Só isso. E ninguém vai sair por aí cortando cabeças só por que a Rainha assim o diz em Alice.
Por isso me irrito com gente que se dispõe a mudar o final dos contos escritos pelos irmãos Grimm ou tornar as canções infantis politicamente corretas (e olha que, no original,os contos de fada são muito, mas muito mais cruéis do que as versões lançadas por aqui). Assim não se muda a realidade, tenta-se maquiá-la, pintá-la de azul bebê e cor de rosa. Salva-se o gato, mas e daí? Sabemos muito bem que há muito mais cores por aí, algumas nem tão brilhantes. Aos poucos, as crianças também irão descobrir isso.








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